Outras técnicas de grupos

DISCUSSÃO LIVRE

1. Caracterização da técnica

Reunião informal de pequeno grupo com livre apresentação de ideias, sem qualquer limitação quanto à exequibilidade. Possibilita o máximo de criatividade e estímulo, permitindo o exame de alternativas para solução de problemas dentro de uma atmosfera de reflexão e comunicação.

2. A técnica é útil para:

  1. Aprofundamento do estudo de um tema.
  2. Discussão de problemas e exame de soluções.
  3. Explorar novas possibilidades, assegurando ideias dinâmicas e novas que poderão ser aproveitadas.
  4. Tomada de decisão cujo cumprimento não seja urgente.
  5. Somente para avaliação do processo do grupo.

3. Use a técnica quando:

  1. O grupo não possuir mais de 15 membros ou use mini-grupos de 5.
  2. Os membros forem relativamente maduros e quando se conhecem o suficiente para dialogarem livremente.
  3. Houver uma atmosfera de liberdade de expressão.
  4. Não houver comprometimento com padrões e fórmulas usuais.
  5. Os membros do grupo possuírem flexibilidade para criar novas soluções ou apontar novas diretrizes.
  6. O grupo for homogêneo.
  7. O grupo tiver objetivos comuns.
  8. Houver tempo suficiente para abordar-se o problema com calma e método.

4. Como usar a técnica

  1. Conhecer a amplitude do problema a ser debatido, fixando as linhas de discussão e o tempo disponível para a reunião.
  2. Estabelecer um ambiente informal que facilite a comunicação e a cooperação entre os membros.
  3. Interpretar a técnica a ser usada na reunião.
  4. Escolher um encarregado para fazer as anotações e registros das ideias apresentadas.
  5. Esclarecer que são normas da discussão livre:
  • as ideias têm de ser expressas sem qualquer limitação quanto às possibilidades de execução.
  • as ideias só serão rejeitadas se não se relacionarem com o assunto em discussão, ou seja, podem ser desenvolvidas e detalhadas, mas Não restringidas (função do logicizador, conforme consta da relação de FUNÇÕES).

ENTREVISTA

1. Caracterização da técnica

Consiste numa rápida série de perguntas feitas por um entrevistador, que representa o grupo, a um especialista em determinado assunto. Este, geralmente, não pertence ao grupo, ao contrário do entrevistador que é membro dele. É menos formal que a preleção e mais formal que o diálogo.

2. A técnica é útil para:

  1. Obter informações, fatos ou opiniões sobre algum assuntos de importância para o grupo.
  2. Estimular o interesse do grupo por um tema.
  3. Conseguir maior rendimento de um especialista que seja versátil ao falar sozinho perante um grupo.

3. Use a técnica quando:

  1. O grupo é numeroso, o que tornaria ineficiente o interrogatório indiscriminado dos membros do grupo ao entrevistador.
  2. Outras técnicas forem desaconselhadas.
  3. Um dos membros do grupo (entrevistador) possuir boa capacidade de relações humanas ou de comunicação e segurança para poder obter as informações desejadas do especialista.
  4. A técnica poderá ser utilizada com um elemento novo no grupo.

4. Como usar a técnica

  1. Convidar um especialista no assunto.
  2. Indicar um entrevistador, que organizará com o especialista um questionário e fixará a duração e a maneira de conduzir a entrevista. O entrevistador poderá obter do grupo os temas principais a serem enfocados e deverá atuar como intermediário entre o grupo e o especialista.
  3. A entrevista deverá ser mantida em tom de conversa e as perguntas devem ser formuladas de forma a evitar respostas do tipo "sim" ou "não".
  4. Manter as perguntas ao nível de entendimento geral do grupo. O entrevistador, por sua vez, evitará a terminologia técnica que não esteja ao alcance do grupo.

GRUPO DE COCHICHO, ZUM-ZUM ou FACE A FACE

1. Caracterização da técnica

Consiste na divisão do grupo em subgrupos de dois membros que dialogam, em voz baixa, para discutir um tema ou responder uma pergunta, sem requerer movimento de pessoas. Após, é feita a apresentação dos resultados do grupão. É um método extremamente informal que garante a participação quase total, sendo de fácil organização.
2. A técnica é útil para:
  1. Comentar, apreciar e avaliar, rapidamente, um tema exposto.
  2. Sondar a reação do grupo, saber o que ele quer.
  3. A consideração de muitos aspectos distintos do assunto.
3. Use a técnica quando:
  1. O número de participantes for, no máximo, 50 pessoas.
  2. Desejar obter maior integração do grupo.
  3. Quiser criar o máximo de oportunidades para a participação individual.
  4. For necessário "quebrar o gelo" dos participantes.
4. Como usar a técnica
  1. Dividir o grupo em subgrupos de dois membros, dispostos um junto do outro (lado ou frente).
  2. Explicar que os grupos de cochicho dispõem de tantos minutos para discutir o assunto, após o que um dos membros exporá o resultado ao grupão, na ordem que for convencionada.
  3. Apresentar a questão e conduzir as exposições, que serão feitas, após o cochicho, de forma objetiva e concisa.

GV-GO

1. Caracterização da técnica

Consiste na divisão do grupo em dois subgrupos (GV = grupo de verbalização; GO = grupo de observação). O primeiro grupo é o que irá discutir o tema na primeira fase, e o segundo observa e se prepara para substitui-lo.. Na segunda fase, o primeiro grupo observa e o segundo discute. É uma técnica bastante fácil e informal.

2. A técnica é útil para:

  1. Análise de conteúdo de um assunto-problema.
  2. introdução de um novo conteúdo.
  3. Conclusão de estudo de um tema.
  4. Discussão de problema e exame de solução.
  5. Estimular a participação geral do grupo.
  6. Estimular a capacidade de observação e julgamento de todos os participantes. Para isso cada participante do GO deve cumprir um papel na observação, buscando encontrar aspectos positivos e negativos na objetividade e operatividade do GV.
  7. Levar o grupo a um consenso geral.
  8. Desenvolver habilidades de liderança.

3. Use a técnica quando:

  1. O número de participantes for relativamente pequeno.
  2. Já houver um bom nível de relacionamento e de comunicação entre os membros do grupo.
  3. For necessário criar uma atmosfera de discussão.
  4. For conveniente diluir o formalismo do grupo.
  5. Desejarmos estimular a discussão e o raciocínio.

4. Como usar a técnica

  1. O coordenador propõe o problema e explica o qual o objetivo que pretende com o grupo.
  2. Explica como se processará a discussão e fixa o tempo disponível
  3. O grupo é dividido em dois.
  4. Um grupo formará um círculo interno (GV) e o outro um círculo externo (GO).
  5. Apenas o GV debate o tema. O GO observa e anota.
  6. Após o tempo determinado, o coordenador manda fazer a inversão, passando o grupo interno para o exterior e o exterior para o interior.
  7. Após as discussões, o coordenador poderá apresentar uma síntese do assunto debatido. Poderá ser, inicialmente, marcado um "sintetizador".

LEITURA DIRIGIDA

1. Caracterização da técnica

É o acompanhamento pelo grupo da leitura de um texto. O coordenador fornece, previamente, ao grupo uma idéia do assunto a ser lido. A leitura é feita individualmente pelos participantes, e comentada a cada passo, com supervisão do coordenador. Finalmente o coordenador dá um resumo, ressaltando os pontos chaves a serem observados.

2. A técnica é útil para:

  1. Apresentar informações para o grupo.
  2. Introduzir um conteúdo novo dentro do programa.
  3. A interpretação minuciosa de textos, rotinas, etc.

3. Use a técnica quando:

  1. O tema puder ser apresentado por escrito, com número de cópias ou exemplares suficientes para todos os membros do grupo.
  2. Há interesse do grupo em aprofundar o estudo de um tema.
  3. A participação geral não for o objetivo principal.
4. Como usar a técnica
  1. Providenciar número de exemplares ou cópias igual ao número de participantes.
  2. O círculo continua sendo a melhor maneira de dispor o grupo.
  3. Oferecer inicialmente ao grupo uma idéia geral do assunto a ser explorado.
  4. Comentar os aspectos relevantes do tema.
  5. Se houver tempo, primeiro fazer uma leitura geral, e só então fazer a leitura ou parágrafo a parágrafo.
  6. Após a leitura, é saudável uma discussão em grupo
PAINEL COM INTERROGATÓRIO

1. Caracterização da técnica

Um pequeno grupo de especialistas em determinado assunto discute e é interrogado por uma ou mais pessoas, geralmente sob a coordenação de um moderador. Trata-se de uma variação de técnica de discussão em painel. Dele participam três a cinco pessoas, o moderador e os interrogadores. A discussão é informal, mas as respostas devem ser dadas com a máxima precisão. O desenvolvimento do assunto baseia-se na interação entre o interrogador e o painel.. As perguntas devem ser objetivas.

2. A técnica é útil para:

  1. Despertar o interesse do grupo para um tema.
  2. Discutir um grande número de questões, num curto espaço de tempo
  3. Apresentar diferentes aspectos de um assunto complexo.
  4. Aproveitar a experiência de alguns membros do grupo.
  5. Conseguir detalhes de algum assunto ou problema.

3. Use a técnica quando:

  1. O número de participantes é muito grande.
  2. Os integrantes do painel (moderadores e interrogadores) puderem ser escolhidos entre os membros do próprio grupo.
  3. O grupo estiver interessado em aprofundar o tema.
4. Como usar a técnica
  1. Selecionar com antecedência o moderador, os interrogadores e o painel.
  2. O moderador deve reunir-se com os interrogadores para fixar a orientação.
  3. Na reunião, o moderador apresenta ao grupo os integrantes do painel.
  4. A seguir apresenta sucintamente o assunto e explica a técnica.
  5. Os interrogadores devem iniciar o interrogatório, expressando as perguntas de maneira clara e concisa. O êxito das discussões depende dos interrogadores, que têm grande responsabilidade na condução dos debates, tanto do ponto do encadeamento da idéia, como do nível de detalhe a que se deve chegar.
  6. O moderador intervirá quando houver necessidade de aprofundar um aspecto abordado, esclarecer um ponto obscuro, pedir a repetição de uma pergunta ou de uma resposta não compreendida, interpelar algum membro do painel que estiver sendo prolixo, fugindo do tema central ou interpretando mal seu papel.
  7. Ao final do interrogatório, o moderador apresenta uma síntese ou simula geral.

PAINEL INTEGRADO

1. Caracterização da técnica

Constitui uma variação da técnica de fracionamento. O grande grupo é dividido em subgrupos que são totalmente reformulados após determinado tempo de discussão, de tal forma que cada subgrupo é composto por integrantes de cada subgrupo anterior. Cada participante leva para o novo subgrupo as conclusões e/ou idéias do grupo anterior, havendo assim possibilidades de cada grupo conhecer as idéias levantadas pelos demais. A técnica permite a integração de conceitos, idéias, conclusões, integrando-os.

2. A técnica é útil para:

  1. Introduzir assunto novo.
  2. Integrar o grupo.
  3. Explorar um documento básico sobre determinado assunto.
  4. Obter a participação de todos.
  5. Familiarizar os participantes com determinado assunto.
  6. Continuar um debate sobre tema apresentado anteriormente sob a forma de preleção, simpósio, projeção de slides ou filmes, dramatização, etc ....
  7. Aprofundar o estudo de um tema.

3. Use a técnica quando:

  1. Trabalhar com grupos de 15 pessoas, no mínimo.
  2. Desejar proporcionar contato pessoal entre os membros do grupão.
  3. Quiser diluir o formalismo do grupo.
  4. Houver um interesse em elevar de níveis de participação e comunicação.
  5. Desejamos obter uma visão do assunto sob vários ângulos.
  6. O tempo for limitado.
  7. Houver possibilidade de deslocamento de cadeiras e de sua arrumação em círculos.

4. Como usar a técnica

  1. Planeje com antecedência o tema e a aplicação da técnica em função do número de participantes, natureza do assunto, tempo disponível, espaço existente, etc....
  2. Explique ao grupo o funcionamento da técnica, o papel e as atitudes esperadas de cada membro e o tempo disponível.
  3. Divida o grupo em subgrupos. Apresenta as questões ou o tema para discussão. Esclareça que todos devem anotar as idéias e conclusões do grupo para transmita-las aos demais grupos.
  4. Formar novos grupos integrados por elementos de cada um dos grupos anteriores, elegendo um relator para cada um, com o fim de apresentar as conclusões ao grupão.
  5. Faça um sumário das conclusões dos grupos e permita que estas sejam discutidas para se chegar ao consenso.
SEMINÁRIO

1. Caracterização da técnica

Grupo reduzido investiga ou estuda intensamente um tema em uma ou mais sessões planificadas, recorrendo a diversas fontes originais de informação. É uma forma de discussão em grupo de idéias, sugestões, opiniões. Os membros não recebem informações já elaboradas, mas investigam com seus próprios meios em um clima de colaboração recíproca. Os resultados ou conclusões são de responsabilidade de todo o grupo e o seminário se conclui com uma sessão de resumo e avaliação. O seminário é semelhante ao congresso, porém tem uma organização mais simples e um número mais limitado de participantes, sendo, porém, este grupo mais homogêneo.

2. A técnica é útil para:

  1. Levantar problemas.
  2. Estimular a discussão em torno de um tema.
  3. Conduzir a conclusões pessoais, não levando necessariamente a conclusões gerais e recomendações.
  4. Estudar em grupo idéias, opiniões e sugestões de interesse de um determinado grupo.
  5. Propiciar a troca de experiências entre grupos com um mesmo interesse ou conhecimento.

3. Use a técnica quando:

  1. O grupo for pequeno e apresentar certa homogeneidade.
  2. Os membros do grupo tiverem interesses e objetivos comuns.
  3. O coordenador tiver bastante habilidade para conduzir o debate.
  4. Não existir marcantes diferenças de conhecimento entre os membros do grupo.
  5. Se pretender dar ênfase ao conteúdo a ser debatido e a troca de experiências entre os membros.
  6. Se desejar formar um consenso geral sobre determinados assuntos ou problemas.

4. Como usar a técnica

  1. Planejar o desenvolvimento dos temas, fixando os objetivos da discussão antes de iniciá-la.
  2. Não são fornecidos aos participantes informações já elaboradas.
  3. Podem ser realizadas várias sessões para o exame do assunto ou problema.
  4. Concluir com uma sessão de resumo e avaliação.

SIMPÓSIO

1. Caracterização da técnica

Consiste na exposição sucessiva sobre diferentes aspectos ou fases de um só assunto ou problema, feita por uma equipe selecionada (3 a 5 pessoas) perante um auditório, sob a direção de um moderador. O expositor não deve ultrapassar a 20 minutos na sua preleção e o simpósio não deve ir além de hora e meia de duração. Ao final do simpósio, o auditório poderá participar em forma de perguntas diretas.

2. A técnica é útil para:

  1. Obter informações abalizadas e ordenadas sobre os diferentes aspectos de um tema.
  2. Apresentar fatos, informações, opiniões, etc., sobre um mesmo tema.
  3. Permitir a exposição sistemática e contínua acerca de um tema.
  4. Discussões em que os objetivos são muito mais a aquisição de elucidações do que propriamente a tomada de decisões.
  5. O exame de problemas complexos que devam ser desenvolvidos de forma a promover a compreensão geral do assunto.

3. Use a técnica quando:

  1. Não houver exigência de interação entre os participantes.
  2. Os padrões do grupo e a identidade entre seus membros forem de tal ordem que tornem aceitável uma técnica de exposição formal.
  3. A formalidade das exposições não prejudicarem a compreensão do conteúdo do tema.
  4. Os membros do grupo forem capazes de integrar, num todo homogêneo, as idéias apresentadas por diferentes pessoas nas diversas partes da exposição.
  5. O grupo não for julgado bastante maduro para superar possíveis conflitos gerados numa discussão livre sobre um assunto relativamente complexo.
  6. Houver interesse em se colocar diferentes pontos de vista sobre um assunto.
  7. O número de participantes é muito grande para permitir o interesse total do grupo.

4. Como usar a técnica

  1. Selecionar e convidar os expositores do simpósio. Estes não devem ter idéias preconcebidas e devem apresentá-las sem paixão.
  2. O moderador deve reunir-se previamente com os oradores para garantir o acordo sobre o fracionamento lógico do assunto, identificar as áreas principais e estabelecer s horários.
  3. Na reunião, o moderador deve apresentar os integrantes do simpósio, expor a situação geral do assunto e quais as partes que serão enfatizadas por cada expositor, criar atmosfera receptiva e motivar o grupo para as exposições.
  4. Os integrantes do simpósio devem fazer apresentações concisas e bem organizadas dentro do tempo estabelecido.
  5. O moderador poderá, quando oportuno, conceder a cada integrante do simpósio, um certo tempo para esclarecimentos e permitir que um participante possa formular uma ou duas perguntas a outro expositor


BIBLIOGRAFIA

01- Agostinho Minimucci - Dinâmica de Grupo: Manual de Técnicas - Edições São Paulo, Atlas.
02- Imideo Giuseppe Nérici - Didática Geral Dinâmica - Edições São Paulo, Atlas
03- Imideo Giuseppe Nérici - Metodologia do Ensino: uma Introdução - Edições São Paulo, Atlas
04- Metodologia do Ensino: Uma Introdução - Edições São Paulo, Atlas
05- Juan Diaz & Pereira e Adair Martins Bordenave - Estratégias de Ensino-Aprendizagem - Editôra Vozes.
06- Miguel Caviédes - Dinâmica de Grupo para uma Comunidade - Edições Paulinas.
07- Alaíde Lisboa de Oliveira - Nova Didática - Editôra Tempo Brasileiro.