Psicodrama/ Sociodrama/Teatro do oprimido

Psicodrama


Psicodrama é uma forma de terapia em grupo em que um dos elementos que constitui o grupo (protagonista) representa o passado, presente ou futuro encarado como problemático.
É uma técnica de auto-representação onde o sujeito age em seus próprios papéis e retrata as figuras que preenchem o seu mundo particular. As pessoas são encorajadas a passar ao acto os seus próprios problemas. A criação do psicodrama engloba numerosos elementos: sentimentos, pensamentos, aspirações…
Utiliza cinco instrumentos: Cenário/palco, o protagonista/actor, o terapeuta moderador, a equipa dos terapeutas, o público
O psicodrama actua transformando as pessoas nos mais variados papéis que desempenham em suas vidas
Psicodrama pode ser definido como a ciência que explora a “verdade”, através de métodos dramáticos. Trata de relações interpessoais e de mundos particulares.

Sociodrama
Sociodrama significa acção em benefício de outro sujeito. O verdadeiro sujeito de um sociodrama é o grupo. Não está limitado por um número especial de indivíduos, pode consistir em tantas pessoas quantos os seres humanos que vivam em qualquer lugar, ou que pertençam à mesma cultura. O foco da acção incide em factores colectivos. O sociodrama é um método segundo o grupo estuda um tema em concreto, uma situação social ou a si mesmo mediante um processo de grupo criativo guiado pelo instrutor. São os mesmos membros do grupo quem podem escolher os papeis e também os que se podem ser designados.
O sociodrama actua na construção e aprimoramento dos relacionamentos interpessoais e inter-grupais decorrente dos conflitos e necessidade de mudanças.

Teatro do Oprimido






O Teatro do Oprimido (TO)  é um método teatral que reúne exercícios, jogos e técnicas teatrais elaboradas pelo teatrólogo brasileiro Augusto Pinto Boal.
Os seus principais objectivos são a democratização dos meios de produção teatrais, o acesso das camadas sociais menos favorecidas e a transformação da realidade através do diálogo e do teatro. Ao mesmo tempo trás uma preparação ao actor que tem grande repercussão mundial.
A sua origem remete ao Brasil das décadas de 60 e 70, mas o termo é citado textualmente pela primeira vez na obra Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas.
Augusto Pinto Boal actualmente dirige centros de teatro na França e no Rio de Janeiro e tem como finalidades a luta contra todas as formas de opressão, desenvolvendo a sua luta a favor dos explorados e oprimidos. É um teatro de cunho político, libertador e transformador. No período em que a ditadura militar reprimiu com maior força a voz do povo e de seus representantes, nos diferentes âmbitos sociais, Boal aliou-se a educadores e intelectuais da América Latina, dispostos a desenvolverem uma tomada de consciência dos oprimidos, a começar pelo projecto de alfabetização, ALFIN – Programa de Alfabetização Integral, no Peru, na década de setenta, cuja concepção metodológica do projecto era inspirada na pedagogia do oprimido de Paulo Freire.
O “Teatro do Oprimido”, de acordo com o próprio Boal, pretende transformar o espectador, que assume uma forma passiva diante do teatro aristotélico, em sujeito actuante, transformador da acção dramática que lhe é apresentada, de forma que ele mesmo, espectador, passe a protagonista e transformador da acção dramática. A ideia central é que o espectador ensaie a sua própria revolução sem delegar papéis aos personagens, desta forma conscientizando-se da sua autonomia diante dos factos quotidianos, indo em direcção a sua real liberdade de acção, sendo todos “espect-actores”.
A poética do Teatro do Oprimido está organizada em diferentes formas/técnicas de acções dramáticas, acrescentando que para Boal o teatro é acção.
O “Teatro-Jornal” foi uma forma de acção teatral desenvolvida por Boal no Teatro de Arena, em São Paulo, no período anterior a sua saída do Brasil por força da ditadura daquele momento. Desde 1956 ele dirigia o teatro de Arena, onde permaneceu por quinze anos consecutivos. Esta técnica pretende que se transforme quaisquer notícias de jornal, ou qualquer outro material sem propósito dramático, em cenas ou acções teatrais. Segue as possibilidades de trabalho com o Teatro-jornal:

“Leitura simples” – destaca-se a notícia que se pretende trabalhar, e faz uma leitura da mesma, de forma objectiva desvinculando-a da ideologia do jornal em que ela se encontra.

“Leitura cruzada” – Busca-se duas fontes da mesma notícia e faz-se a leitura de ambas ao mesmo tempo, de forma que surjam novos olhares.

“Leitura complementar” – Acrescenta-se dados/factos que foram omitidos na notícia, para direccionar o pensamento do leitor.

“Leitura com ritmo” – A notícia é anunciada pelo canto, escolhendo-se um ritmo musical que funcione como “filtro” crítico do que se está falando.

“Acção paralela” – Cria-se cenas de mímica paralelamente a leitura da notícia.

“Improvisação” – explora-se a maior possibilidade de improvisação de cenas sobre a notícia.

“Histórico” – Apresenta-se a notícia e encena-se, paralelamente, cenas de factos históricos idênticos a ela, já acontecidos em outros tempos e espaços.

“Reforço” – utiliza-se o canto, a dança, o retroprojector, jingles de publicidades e outros artifícios que reforce o que está sendo lido.
“Concreção da abstracção” – Busca-se o que está implícito na notícia (normalmente factos que oprimem) e revela na forma concreta da imagem, através de grafismos ou cenas dramáticas.
“Texto fora do contexto” – Encena-se a notícia num contexto ao qual ela não caberia, como por exemplo, um pastor coberto de ouro e com vários seguranças, pregando aos seus fiéis o desapego material.
O “Teatro-Imagem”, que integra a estética do Teatro do Oprimido, tem a intenção de ensaiar uma transformação da realidade, através do uso da imagem corporal. Primeiramente, um actor decide um tema problema a ser tratado, que pode ser local ou global, mas que de certa forma tenha um significado para a maioria do grupo. Em seguida alguns actores disponibilizam-se no espaço cénico como massas moldáveis, ou melhor, futuras estátuas, o actor protagonista vai esculpindo essas estátuas buscando representar imageticamente a situação em questão. É fundamental que haja silêncio total. Ao montar o quadro vivo os espect-atores são convidados a modificarem as imagens problema para uma situação ideal. Por fim, cria-se a imagem de transição entre o problema e a solução.
O “Teatro-Fórum” é uma técnica onde os actores representam uma cena até a apresentação do problema, e em seguida propõem aos espectadores que mostrem, por meio da acção cénica, soluções para o então problema apresentado.
Outra possibilidade de acção dramática dentro do arsenal do Teatro do Oprimido é o “Teatro Invisível”, cuja proposta é a representação de uma cena diante de pessoas que não sabem que estão sendo espectadoras da acção dramática, e precisa acontecer num ambiente diferente do teatral, o mais dentro do quotidiano das pessoas. Para esta forma de apresentação é preciso a preparação de um roteiro de improvisação, onde já se ensaie a possível interferência do espectador no acto estético colectivo. Cabe aos atores prolongarem a discussão dos espectadores a respeito do tema abordado na cena, de forma que outros “actores anónimos” se insiram no contexto e reafirme a veracidade da acção para o espectador, que neste momento já passa a ser protagonista da acção teatral proposta. É imprescindível o carácter invisível dos atores para que os espec-atores actuem com liberdade.
O “Teatro-fotonovela” apresenta uma forma de desmistificação da Fotonovela, por ser uma literatura direccionada às classes mais baixas da população. Na prática é fazer a leitura de uma fotonovela, sem que os actores saibam que se trata de um folhetim fotografado, enquanto esses actores vão interpretando a história que está sendo lida.
A “Quebra de Repressão” é uma técnica de ensaio para resistência a uma repressão futura. Consiste em solicitar a um participante que relembre um momento ao qual tenha sido vítima de uma repressão. Então esta pessoa escolhe outras presentes para lhe auxiliar na reconstrução da cena já vivenciada. Após a dramatização da vivência, pede-se que o protagonista resista a tal opressão e que os outros espect-atores mantenham as acções repressivas.
Há ainda outras técnicas desenvolvidas por Boal, como o “Teatro Mito”, que propõe evidenciar as verdadeiras características dos mitos, o “Teatro-Julgamento”, onde há uma improvisação cénica e posteriormente, busca-se retirar as máscaras sociais de cada personagem, e ainda, uma técnica do teatro popular, denominada “Rituais e Máscaras”, que consiste em descaracterizar as convenções, ou posturas, impostas nas relações sociais principalmente em níveis diferentes, “coisificando” um ser humano diante do outro.
Dentro do “Teatro do Oprimido” existe uma figura muito importante para o desenvolvimento da cena junto aos espectadores, esta peça é o “Curinga”. O Curinga é um técnico artístico pedagógico que tem a função de formar grupos, ministrar oficinas e realizar actividades pertinentes à produção cultural de um trabalho artístico.